Um desafio chamado alfabetização na pandemia

Processo em casa envolve disciplina, foco e apoio da família

Frente ao anúncio da paralisação das aulas presenciais, em março de 2020, as famílias com filhos na fase de alfabetização se viram em uma situação delicada e com a mente permeada por dúvidas: é possível aprender a ler e a escrever por meio de uma tela? Quais as maiores dificuldades encontradas no meio do caminho? Qual é o papel da família nesse processo?

Em conversa com a gestora do Ensino Fundamental – Anos Iniciais do Colégio Positivo, professora Kaline Kusma Nichele Mazur, ela esclareceu alguns pontos importantes referentes à alfabetização no formato remoto.

De acordo com a gestora, é plenamente possível alfabetizar um aluno, ainda que de forma remota.

“Precisamos considerar alguns fatores: o processo se torna um pouco mais lento e necessita da mediação de um adulto. Além disso, a criança precisa compreender que a casa se tornou, também, o ambiente escolar, o que dificulta bastante, considerando os inúmeros estímulos existentes que interferem na atenção da criança durante a aula”, explica.

Incertezas

Para as famílias, o maior desafio encontrado é a incerteza do que vai acontecer nos dias seguintes.

Para organizar o ensino presencial ou remoto, dependemos de decisões externas, de órgãos superiores. Isso faz com que todo processo precise ser reinventado a cada instante, o que, por muitas vezes, gera angústia nas famílias”, conclui.

O tempo de cada criança

Para que o resultado final seja satisfatório, é importante que a família respeite o tempo de cada criança. “Por si só a alfabetização é um processo complexo e, neste momento, isso se tornou mais difícil ainda. A família não pode se cobrar por não estar ajudando a criança, mas também precisa organizar um tempo para propor atividades lúdicas e ter essa troca entre pais e filhos. Isso torna o momento mais leve!”, explica.

Presencial x remoto

Para Kaline, uma das vantagens do ensino presencial é o fato do professor conseguir acompanhar de perto o desenvolvimento de cada criança e entender como cada aluno aprende. 

Por meio do ensino remoto, ainda que haja o distanciamento geográfico e que exista uma tela separando o professor do aluno, os profissionais se esforçam para manter e cultivar o vínculo afetivo e a interação, contribuindo no processo de aprendizagem.

“Nesse processo, o olhar atento da família, bem como o acompanhamento, é essencial e faz toda diferença no resultado”, explica.

Dicas especiais

Para ajudar os educadores, elegemos algumas ideias de aulas lúdicas que podem dinamizar o ensino remoto e ajudar na alfabetização das crianças:

  • Brincadeiras com rimas
  • Jogo da memória
  • Caça-palavras
  • Contação de histórias
  • Encenação e contação de contos de fadas

    Métodos especiais

De acordo com a professora Domus Aurea, coordenadora do Ensino Fundamental – Anos Iniciais do Centro de Inovação Pedagógica do Colégio Positivo (CIPP), os colégios do Grupo Positivo  trabalham a alfabetização dos alunos com o método geral, que inicia com a apresentação de um texto como todo, para que depois ocorra a análise das partes, chegando às sílabas e letras que compõe as palavras. “Há o cuidado de escolhermos gêneros próximos à realidade da criança, que podem ser histórias, parlendas ou adivinhas, que serão lidas e depois desmontadas. Com este método, além de a criança aprender a ler e escrever a partir de histórias, ela está estimulada a criar gosto pela leitura”, conclui.

Diferenciais

Para Domus, a alfabetização é a base para uma educação construtiva, já que auxilia o aluno a desenvolver a leitura, a escrita, a comunicação, as ideias e os pensamentos. Por sua vez, o letramento utiliza a escrita para resolver problemas do dia a dia, facilitando assim as práticas sociais e a escrita de bons textos.
“Os alunos dos Anos Iniciais compõem um período em que a interação e as experiências vividas precisam envolver práticas reais do uso da leitura e da escrita e devem ser desenvolvidas de forma lúdica e interativa, pois acionam estruturas complexas e estabelecem esquemas mentais bastante elaborados. Portanto, o processo de alfabetização precisa ser envolvente e atrativo, estabelecendo um elo de afetividade entre a criança e o mundo letrado”, exemplifica.

Para enriquecer ainda mais o trabalho desenvolvido presencialmente, o Colégio Vila Olímpia oferece aos alunos do Infantil 5 ao 2º ano, programas de alfabetização, também remotamente, que resgatam o trabalho presencial desde o início da pandemia, respeitando a faixa etária dos alunos e o tempo de aprendizagem de cada um.

Programas especiais

Com o objetivo de facilitar o processo de alfabetização, desde o início da pandemia, o Colégio Vila Olímpia buscou atender os alunos no sentido global, mantendo o vínculo afetivo entre professores e alunos, além de promover a interação e a ludicidade.

Para que isso fosse possível, desenvolveu os programas Criança ao Pé da Letra e Da Letra ao Texto. “O objetivo principal é alfabetizar por meio do lúdico, bem como dar todo o suporte e direcionamento aos professores, em meio ao ensino on-line, dando continuidade no ensino presencial”, complementa Kaline.

O programa Criança ao Pé da Letra programa oferece:

• Exploração de diferentes linguagens;
• Ampliação da compreensão sobre o sistema alfabético;
• Práticas relacionadas com a linguagem oral, a leitura e a escrita;
• Oportunidade de vivenciar o ouvir e o aprender a contar histórias;
• Ampliação do vocabulário;
• Leitura em voz alta para os alunos do 1.o ano;
• Discussão de textos, explorando a multiplicidade textual;
• Práticas de escrita.

Já o programa Da Letra ao Texto oferece:

• Exploração de diferentes linguagens;
• Ampliação da compreensão sobre a produção textual;
• Práticas relacionadas com a linguagem oral, a leitura e a escrita;
• Oportunidade de vivenciar o ouvir e o aprender a contar histórias;
• Ampliação do vocabulário;
• Leitura;
• Discussão de textos, explorando a multiplicidade textual;
• Práticas de escrita.

Por trás de todo esse processo existe o papel da família, que são orientadas a contribuir, por meio dos materiais de apoio e orientações específicas que são enviadas frequentemente.