O avanço tecnológico e as transformações no estilo de vida das famílias estão fazendo com que as crianças troquem, cada vez mais cedo, os brinquedos e brincadeiras tradicionais por aparelhos eletrônicos que oferecem uma diversão virtual, algo muito diferente das experiências vividas pelos pais, não é mesmo?
Se, por um lado, a tecnologia traz vantagens quando se trata de ensino e aprendizado, por outro, quando o foco é a primeira infância, é preciso cuidado para evitar que tablets, smartphones e computadores não tornem o brincar um ato cada vez mais solitário e artificializado, nos primeiros anos de vida.
Ainda que os tempos tenham mudado, a importância de brincar externamente e ter contato com a natureza e com outras pessoas é tão importante e necessário quanto antigamente.
Assim que o bebê nasce, seu contato é praticamente único e exclusivo com a mãe. Para ele, a figura materna é como uma extensão de si próprio. Com o passar do tempo, a criança percebe que existem outras pessoas no mundo e, nesse momento, inicia-se o processo de sociabilização com o outro, incluindo crianças da mesma faixa etária que a dele. O convívio com os amigos, consequentemente, traz ensinamentos muito importantes, como dividir e respeitar, além de mostrar que os momentos felizes, quando compartilhados, tornam-se muito mais especiais.
As escolas devem levar esses aspectos em conta, incentivando brincadeiras em grupo e impedindo que a socialização e o progresso da criança sejam prejudicados pelo uso excessivo da tecnologia.
“Brincar e interagir são essenciais para o desenvolvimento integral do ser humano nos aspectos físico, social, cultural, afetivo, emocional e cognitivo. Vai além do lazer. É o momento de compartilhar, de construir regras e combinados, de experiências”, explica Ana Flávia Justus, gestora de Educação Infantil.
Segundo ela, é brincando – e interagindo com o outro – que a criança tem a possibilidade de compreender pontos de vistas diferentes e resolver conflitos. E é por isso que a Educação Infantil é uma das etapas escolares mais importantes da vida de um estudante.
Durante a primeira infância – fase que vai do nascimento até os seis anos de vida da criança, o processo de desenvolvimento não se dá de forma fragmentada. As atividades e brincadeiras devem visar o conhecimento e a descoberta de habilidades nos mais diversos âmbitos.
Num jogo, por exemplo, ao mesmo tempo em que a criança aprende a contar ou a criar estratégias, ela também aprende a respeitar as regras, os colegas e a não criar artifícios para se sair melhor que os demais. O aprendizado é mais completo quando a proposta pedagógica garante essa articulação nas atividades.
E quando se trata de brincar, o assunto deve ser levado muito a sério, priorizando brincadeiras que cumpram o plano principal do processo de aprendizado e que, por meio delas, a criança tenha condições de se divertir e, de quebra, aprender muito.