Celulares, computadores e telas de todo o tipo vêm sendo incorporados ao cotidiano desde os anos 90. Então, se pararmos para pensar, as crianças nascidas a partir de 2007 já surgiram em um mundo amplamente tecnológico. Porém, a Organização Mundial de Saúde faz um alerta: antes dos dois anos, as crianças não devem usar dispositivos eletrônicos.
Dos dois até os cinco anos, a recomendação é restringir o acesso recreativo a uma hora por dia. E mais:
– Deve-se fracionar o tempo a cada 20 minutos, intercalando com outras atividades que exijam movimento;
– É interessante inserir atividades que levem à aprendizagem;
– O uso deve acontecer preferencialmente sob a supervisão de um adulto;
– É importante evitar as telas antes da hora de dormir;
– A partir dos seis anos, não foi estabelecido um limite máximo de horas, porém o consenso sugere quanto menos tempo, melhor.
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E por que existem essas limitações? É impossível não se questionar, já que esses equipamentos nos oferecem tanta praticidade.
Para a neurocientista e consultora pedagógica, Carla Tieppo, o perigo está no imediatismo, a facilidade com que a criança pode controlar o começo e o fim de algum conteúdo que está absorvendo faz com que ela não precise prestar atenção, algo muito diferente do que ocorre com uma história narrada ao vivo, por exemplo.
Além disso, estudos feitos por pesquisadores canadenses e americanos demonstram que:
O tempo de exposição prolongado às telas pode comprometer a orientação espacial e temporal e a interação com o outro, além de favorecer a obesidade e o sedentarismo, gerando problemas de sono e agressividade.
Para evitar tanto a estafa mental quanto o ócio corporal, é importante que a criança faça pausas para interagir com outras atividades, principalmente que estimulem os movimentos, dando um tempo na euforia provocada pela cintilação e pelas cores intensas dos dispositivos.
Outro ponto relevante é sobre o uso noturno de telas. A luz emitida pelos aparelhos diminui a produção de melatonina, o hormônio do sono, piorando a qualidade da hora de dormir. E a falta dele pode, inclusive, causar obesidade e depressão.
Mas nem tudo é negativo. O segredo do bom uso está em transformar os dispositivos em ferramentas prazerosas de educação. Carla ressalta o valor dos estímulos construtivos, defendendo o uso da tecnologia como uma aliada do aprendizado e não meramente como uma distração, pois, para ela, as atividades educativas e as interações lúdicas realizadas com a ajuda dos equipamentos vão agregar no desenvolvimento do cognitivo infantil, contribuindo com conteúdo e mais conhecimento.
Dica: baixe jogos e aplicativos que trabalhem a coordenação e a criatividade e favorite alguns canais educativos.
O papel do adulto é trazer equilíbrio e orientação.
Delimitar o tempo e selecionar temas de qualidade vão ajudar a criança a ter boas experiências com essas tecnologias, que vão desde lições de comportamento até a mais pura e simples diversão.
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