Quem já visitou um museu acompanhado de uma criança sabe. Os pequenos têm energia de sobra, são curiosos e possuem um tempo de concentração reduzido.
Por isso, muitas vezes, as famílias evitam frequentar espaços como esse, acreditando que a criança ficará agitada ou, até mesmo, entediada. Mas estamos enganados.
O contato com a arte oferece experiências e aprendizados significativos para os pequenos. E a palavra mágica para aproveitar esse passeio com as crianças é mediação.
De acordo com a professora Regiane, assessora de arte dos Anos Iniciais do Colégio Positivo, “espaços museais são importantes para o desenvolvimento da memória individual e coletiva do ser humano. E a educação em arte a partir dos acervos e dos museus possibilita ao ser humano, além de ver as obras artísticas in loco, a compreensão do processo de criação e apreensão do desenvolvimento histórico-cultural de determinada região e do mundo”, comenta.
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Seja na escola ou em um passeio em família, a visita a espaços museológicos, muitas vezes, acaba sendo apenas uma atividade de lazer para as crianças. Os pequenos percorrem exposições sem compreender ou assimilar o que contemplam, sem estabelecer relações com o seu dia a dia. Os objetos expostos se apresentam como descolados da realidade deles e, por isso, eles não conseguem se interessar pelo que veem e não detectam o espaço como pedagógico e cultural.
Mas é possível tornar esse momento um momento de aprendizado se a criança puder contar com um mediador. Dentro de espaços museológicos, as crianças podem, sim, vivenciar conteúdos abordados em sala de aula, assim como adquirir conhecimento de mundo e de outras culturas.
No caso das escolas, para promover um melhor aproveitamento das visitas, há a necessidade de pesquisa, planejamento de conteúdos e se questionar se a proposta de visitação condiz com a faixa etária que o professor trabalha. No caso das visitas em família, essas questões também são importantes. Mas neste texto separamos alguns pontos simples que podem ajudar as famílias a tornarem a experiência da criança em arte mais significativa.
Confira 5 dicas de como aproveitar visitas a museus com as crianças.
Não exija da criança que ela se comporte como um adulto. Sabemos que as crianças têm um tempo de atenção reduzido, por isso, é importante sempre cativá-las. Ao passar por uma obra de arte, por exemplo, pergunte o que ela sente ao vê-la e o que ela acha que o pintor ou autor quis demonstrar ao criar a obra. Não adianta de nada levar a criança a um museu e deixá-la sozinha apreciando o que vê. Certamente, ela perderá o interesse e a visita virará só mais um passatempo.
Antes de levar o seu pequeno a um museu, é muito importante falar sobre o que ele irá ver e aprender. Contextualizar as situações e falar sobre o que a criança irá aprender e o que deve observar são essenciais, pois faz com que ela crie expectativas acerca do que a aguarda, além de esclarecer que aquele não é um simples passeio, mas, sim, um momento de grandes aprendizados. E, claro, mostre as regras de comportamento que devem ser adotadas nesse tipo de espaço. Você pode estabelecer “combinados” com seu filho. Eles costumam ser uma ferramenta bastante eficiente quando se trata de questões comportamentais das crianças.
Como já mencionei no início do texto, para atrair a atenção dos pequenos, temos sempre que cativá-los, chamá-los para que prestem atenção no que temos a dizer. A mente das crianças é altamente criativa e, por isso, elas se distraem com facilidade. Pergunte o que o seu pequeno sente ao ver determinada obra, quais as sensações que surgem ao contemplá-la e chame-o para interpretar a obra de arte. As crianças sempre têm coisas interessantes a dizer.
A linguagem utilizada com as crianças deve ser bem simples e acessível, de acordo com a realidade delas. Não adianta usar palavras difíceis e específicas do meio artístico, pois isso pode afastá-las e tornar o passei desinteressante. Muitas vezes, para que as crianças entendam, precisamos adaptar a linguagem utilizada à realidade delas. Fazer analogias com brincadeiras, trazer exemplos do dia a dia da criança e usar palavras do contexto dela podem ser uma saída.
Por último (mas não menos importante!), crianças são muito criativas. A criatividade e a imaginação delas podem resultar em trabalhos artísticos incríveis. Por isso, por que não as incentivar a criar sua própria arte, como forma de introduzir a apreciação artística em suas vidas? Essa pode ser uma forma de aproximar os pequenos do mundo artístico e fazer com que eles entendam que podem, sim, um dia ser artistas e produzir arte, tal como grandes nomes da história.
Trazer os pequenos para apreciar arte é um compromisso que a escola, em parceria com as famílias, tem para formar crianças e futuros adultos mais globais, empáticos e conhecedores do mundo complexo e fascinante que nos cerca.