Equipamentos tecnológicos como tablets e smartphones despertam fácil o interesse dos pequenos e também servem como uma ferramenta que estimula e desenvolve a criança. “Entretanto, é preciso equilíbrio no uso e moderação constante. Recomenda-se que esses equipamentos sejam utilizados com tempo determinado, e o ideal é realizar as tradicionais brincadeiras de criança também”, afirma a gestora de Educação Infantil, Shirley Szeiko dos colégios da Rede Positivo.
Em um estudo recente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que menores de 2 anos não tenham contato com telas e, ainda, crianças com 2 anos ou mais assistam aos programas de TV até uma hora por dia. Tais equipamentos podem comprometer a orientação espacial, temporal e a interação com o outro e, quando usados em excesso, podem trazer prejuízos.
“As crianças precisam se comunicar, verbalizar, errar, serem corrigidas — e os jogos e aparelhos eletrônicos nem sempre dão margem para isso — pois a aprendizagem nessa fase se dá, principalmente, pela interação”, completa a professora.
1) Problemas de visão
A Academia Americana de Pediatria (AAP) estima, por meio de suas diretrizes, que crianças de 2 a 5 anos não devem passar mais do que uma hora diária expostas a telas de tablets, smartphones ou computadores. Acima de 6 anos, esse tempo pode aumentar, mas com moderação por parte dos pais. O tempo usado para atividades escolares no computador, no caso de crianças mais velhas ou adolescentes, fica de fora dessa conta.
Crianças que passam muito tempo utilizando tais ferramentas podem se tornar vítimas da síndrome pediátrica do olho seco, quando a produção de lágrimas é menor do que deveria e provoca uma anomalia na produção natural de muco e lubrificação do órgão da visão. Tal situação, muitas vezes incômoda, pode afetar a visão da criança e, consequentemente, prejudicar seu desempenho escolar.
2) Menos atenção em sala de aula
Usar smartphones e tablets desde criança significa acessar múltiplas formas de entretenimento ao mesmo tempo, e oferecer um universo infinito de informações e estímulos para os pequenos. Essa possibilidade traz vantagens para a evolução infantil, como o desenvolvimento do raciocínio e da lógica e mais acesso à cultura e às artes.
No entanto, o uso desenfreado também pode tornar as crianças mais facilmente distraídas, dificultando em prestar atenção na aula. Junto aos déficits de atenção, vem a deterioração da memória visual, a imaginação e a capacidade de trabalhar de forma eficiente e eficaz ou se concentrar em uma tarefa.
3) Menos empatia
A internet e, em particular, as redes sociais permitem também às crianças e, principalmente aos adolescentes, uma interação virtual e o desenvolvimento da capacidade de socialização. Porém, é fundamental garantir que haja tempo e espaço para que eles também se socializem no mundo real.
Um estudo da Universidade da Califórnia concluiu que crianças que ficam mais de 5 dias sem dispositivos móveis sentem mais empatia e compreendem melhor os sentimentos e emoções.
4) Atraso na fala
Desenhos e conteúdos voltados para bebês e crianças pequenas têm a capacidade de acalmar, alegrar e até mesmo servir de motivação para determinados avanços comuns nessa fase, mas precisam ser oferecidos de forma limitada para evitar comprometer os demais desenvolvimentos da criança.
Uma pesquisa conduzida no Hospital para Crianças Doentes da Universidade de Toronto, no Canadá, indica que quanto mais tempo de tela, maior é o risco de os bebês apresentarem atraso no desenvolvimento da fala. Segundo os pesquisadores, os resultados da análise apontaram que, para cada 30 minutos de tela, os riscos de a criança ter alguma demora para falar sobem em 49%.
5) Aumento da agressividade
Jogos, atividades e animações infantis disponíveis atualmente podem passar uma mensagem positiva e serem educativos, ajudando a criança a aprender e a compreender melhor o certo e o errado. Contudo, é preciso controlar o conteúdo a que seu filho está exposto. Práticas e situações violentas, especialmente em videogames e jogos on-line, têm sido fortemente associadas a tendências antissociais e pensamentos e comportamentos agressivos.
5) Dependência
Os pais devem limitar desde cedo o uso da tecnologia a fim de evitar vícios e excessos, e a melhor forma de fazer isso é mostrando para os filhos as razões para tal. Dessa forma, ajudarão as crianças a formar hábitos que permitirão a elas, quando adultas, saber a hora de se desconectar. Se não entenderem isso logo cedo, não conseguirão fazê-lo no futuro.
A via fronto-estriatal, que é a mesma via neural ligada à dependência de drogas e distúrbios comportamentais, como jogo, também está associada a certos tipos de mídia. Dar aos seus filhos acesso ilimitado a um smartphone ou tablet aumenta o risco de desenvolver um vício real na tecnologia.
6) Dormir mal
O uso de celulares e monitores, especialmente antes de dormir, interfere diretamente na quantidade e na qualidade do sono — ação fundamental para o bom desenvolvimento da criança. A luz das telas diminui a produção de melatonina, hormônio que faz a gente ter vontade de dormir.
Os pais, portanto, devem restringir o uso desses equipamentos pelo menos uma hora antes de deitar. Além disso, TVs, videogames, celulares e outros gadgets devem ser mantidos fora do quarto dos filhos. O ideal é que crianças e adolescentes aproveitem todos os benefícios e vantagens da tecnologia em outros momentos do dia.